martes, 23 de julio de 2013

Política dos EUA para Cuba é obsoleta e contraproducente, analisa último embaixador do país em Havana

Para Wayne Smith, motivos alegados por governo norte-americano não são suficientes para recusar diálogo com Cuba

Opera Mundi publica neste domingo (21/07) a segunda parte da entrevista com Wayne S. Smith, último embaixador dos EUA em Cuba. Leia a primeira parte do texto aqui.

Opera Mundi: Atualmente, o senhor é diretor do Cuba Project do Center for International Policy (Centro para Política Internacional), sediado em Washington. Qual é o objetivo dessa instituição?
Wayne S. Smith: O objetivo do nosso projeto é por fim à política que consiste em ilhar Cuba vigente há mais de cinquenta anos e aproximar nossos povos, unidos pela história e a geografia. Desejamos ter relações normais com Cuba. Nossa política governamental em relação à ilha, vestígio da Guerra Fria, é ao mesmo tempo obsoleta e contraproducente. A cooperação em todos os campos seria benéfica para ambos os países.

OM: Por que os Estados Unidos se negam a normalizar as relações com Cuba?
WSS: Os anos se passaram e ainda estamos na mesma situação absurda. Sempre me pergunto quais são as razões que nos impedem de sentar à mesa de negociações e falar sobre nossas diferenças para encontrar uma solução para esse conflito que já dura tanto. Conversamos com os chineses e temos relações diplomáticas e comerciais perfeitamente normais com aquele país. Nós, inclusive, normalizamos nossas relações com o Vietnã, contra quem travamos uma guerra sangrenta, na qual perdemos mais de 50.000 soldados!

Hoje o mundo é diferente. A União Soviética desapareceu e a Guerra Fria acabou. Fidel Castro declarou há muito tempo que Cuba já não apoiaria os movimentos revolucionários na América Latina. Cuba também expressou várias vezes sua disposição de se sentar à mesa de negociações. Após os atentados de 11 de setembro de 2011, Cuba ofereceu imediatamente seu espaço aéreo e seus aeroportos para os aviões norte-americanos e expressou seu apoio aos Estados Unidos. Cuba havia denunciado o terrorismo e demonstrou sua vontade de colaborar plenamente conosco nesse tema. Cuba assinou as doze resoluções antiterroristas das Nações Unidas.

OM: Qual foi a reposta do Presidente George W. Bush?
WSS: Em vez de aceitar a mão estendida, Bush pôs fim a todas as conversas com Cuba que se haviam estabelecido sob a administração Clinton, declarando publicamente que, dali em diante, o objetivo da política externa dos Estados Unidos seria derrotar o regime cubano. Durante os oito anos seguintes, a política de Washington teve como objetivo derrotar o governo cubano. Uma política absurda e ineficaz.

Agência Efe
OM: Sob a administração Obama, as coisas mudaram?
WSS: Foram retiradas algumas restrições relacionadas às viagens e às remessas. Agora os cubanos podem viajar a seu país de origem quantas vezes quiserem, ao passo que, durante a administração Bush, isso se limitava a 14 dias a cada três anos. Também é mais fácil agora organizar intercâmbios acadêmicos e culturais entre os dois países.

Nos anos 60, Cuba foi excluída da OEA (Organização dos Estados Americanos) e todos os países da América Latina – exceto o México – romperam as relações com Havana. Agora é exatamente o contrário. Somos o único país da América que não tem relações diplomáticas e comerciais com Cuba. Agora os ilhados somos nós, e não Cuba. Conforme afirmou o presidente Lula, do Brasil, ao presidente Obama em uma conferência, se não mudarmos essa política obsoleta em relação a Cuba, isso prejudicará nossa credibilidade internacional.

Essa política de hostilidade em relação a Cuba vai contra os interesses dos Estados Unidos. Isso não tem nenhum sentido e, infelizmente, não vejo a administração Obama mudar a situação. Todos pensávamos que sua eleição permitiria normalizar as relações, mas não foi o caso. Por certo, suprimiu algumas restrições, mas não tomou nenhuma medida fundamental que permitisse a normalização das relações com Cuba. É muito difícil de entender.

OM: Os Estados Unidos explicam que não podem normalizar as relações com Cuba por conta da situação dos direitos humanos. Washington não pode retirar sanções contra um país que viola os direitos humanos.
WSS: A questão dos direitos humanos é um argumento que não resiste a uma análise. Os Estados Unidos têm relações com a China, o Vietnã, a Colômbia e toda uma série de países que apresentam uma situação de direitos humanos muito pior que a de Cuba.

Por outro lado, se desejássemos melhorar a situação dos direitos humanos, seríamos muito mais eficazes estabelecendo relações com Cuba.

OM: Cuba dispõe de um partido único, o que vai contra os princípios democráticos, segundo Washington.
WSS: China e Vietnã também dispõem de um partido único e isso não se constitui em um problema para nós. Por que seria diferente com Cuba?

OM: Segundo os Estados Unidos, a repressão da oposição em Cuba impede qualquer normalização das relações.
WSS: Sou bastante cético. Tomemos o exemplo das Damas de Blanco. Elas se manifestam livremente em Cuba e publicam suas declarações. Yoani Sánchez se comunica com o mundo inteiro. As autoridades cubanas não a prenderam. Recebo regularmente e-mails do opositor Elizardo Sánchez.

É claro que eu gostaria que houvesse mais liberdade política em Cuba, mas a maioria dos dissidentes atua livremente na ilha, ao passo que este não é o caso em numerosos países com os quais temos relações diplomáticas e comerciais plenas e completas. Já não há nenhum preso político em Cuba, segundo a Anistia Internacional.

OM: Washington também acusa Cuba de tráfico de seres humanos.
WSS: Com efeito, o Departamento de Estado acusa Cuba de tráfico de seres humanos e, obviamente, Havana rechaça categoricamente a acusação, afirmando que dispõe dos padrões e mecanismos mais avançados da região para lutar contra essa praga.

De qual prova Washington dispõe para sustentar sua acusação? A resposta é simples: nenhuma. Nós nos limitamos a acusar Cuba de não publicar as medidas que toma para lutar contra esse fenômeno. O fato de que Cuba não comunique nada a respeito não significa que o país tenha se convertido no centro do tráfico de seres humanos. O informe publicado pelo Departamento de Estado não fornece nem um só exemplo de implicação cubana nesse tipo de crime. Afirma, inclusive, que o código penal cubano sanciona severamente o tráfico de seres humanos. O informe argumenta que a prostituição não é um crime em Cuba, mas isso também é tolerado em muitos países do mundo, inclusive nos Estados Unidos.

Em uma palavra, os informes anuais do Departamento de Estado a respeito disso não trazem nem uma só prova que sustente essas acusações. O que é mais grave é que esses falsos informes deliberadamente enganosos colocam uma sobra sobre a credibilidade de todo o programa de luta contra o tráfico de seres humanos.
OM: Desde 1982, os Estados Unidos mantêm Cuba na lista dos países que patrocinam o terrorismo internacional, o que constitui um obstáculo à normalização das relações entre ambos os países. Quais critérios motivaram a decisão de incluir a ilha?
WSS: Em março de 1982, decidimos incluir Cuba na lista dos países que patrocinam o terrorismo por seu apoio à guerrilha em El Salvador. O problema é que nós fazíamos exatamente o mesmo, já que apoiávamos os dissidentes na Nicarágua, com a finalidade de derrotar o governo sandinista. Por outro lado, em dezembro de 1981, o governo cubano havia me informado pessoalmente de que havia interrompido qualquer envio de armas com destino à América Central. Enquanto Cuba buscava melhorar as relações com os Estados Unidos, nossa resposta foi incluí-la na lista dos países que patrocinam o terrorismo.

Cuba não deveria fazer parte dessa lista, e vou explicar as razões. Faz mais de 30 anos que colocamos Cuba nessa lista sob pretextos falsos, que não resistem um só instante à análise. Cuba sempre condenou o terrorismo e afirmou – repito – as doze resoluções antiterroristas das Nações Unidas. Cuba inclusive se propôs a assinar um acordo com os Estados Unidos a esse respeito, oferta que sempre rechaçamos.

OM: Washington reprova o fato de Cuba abrigar membros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e de outras guerrilhas colombianas.
WSS: O Departamento de Estado acusa Cuba de abrigar membros da organização separatista vasca ETA e das FARC colombianas. Convém ressaltar que esses membros se encontram em Cuba com a total aquiescência do governo espanhol. Por sua vez, o governo colombiano, longe de acusar Cuba de abrigar guerrilheiros, saudou várias vezes a contribuição de Havana no processo de paz.

OM: Os Estados Unidos denunciam o fato de que Cuba abriga fugitivos norte-americanos.
WSS: É verdade que cidadãos norte-americanos condenados por nossa justiça se refugiaram em Cuba. Mas isso não basta para colocar um país na lista de Estados que patrocinam o terrorismo, inclusive segundo nossa própria legislação. Cuba se nega a extraditá-los, mas também nos negamos a extraditar a Cuba reconhecidos terroristas, responsáveis por numerosos assassinatos, que se encontram em nosso território. Desde 1959, não extraditamos nenhum deles.

O Departamento de Estado buscou todos os pretextos para manter Cuba nessa lista. Por exemplo, em 2002, Washington acusou Havana de abrigar terroristas chilenos, o que o próprio governo do Chile desmentiu. Logo acusamos Cuba de estar contra a guerra do Iraque, esquecendo-nos de que nossos aliados mais próximos também haviam expressado sua reprovação.

Também acusamos Cuba de desenvolver armas biológicas. O próprio presidente Jimmy Carter, durante sua visita a Cuba em 2002, tendo acesso total aos centros de investigação apontados pelo Departamento de Estado, desmentiu essas afirmações.

OM: Após o 11 de setembro de 2001, Bush declarou que todo país que abrigasse um terrorista seria considerado terrorista. Ao mesmo tempo, Luis Posada Carriles, um exilado cubano e antigo agente da CIA responsável por mais de uma centena de assassinados, encontra-se em Miami e jamais foi julgado por seus crimes. Fez um avião civil cubano explodir em pleno voo em 1976, o que custou a vida de 73 pessoas, entre as quais se encontrava todo o time juvenil de esgrima. É o autor intelectual da onda de atentados sangrentos que atingiram a indústria turística cubana em 1997 e 1998. Reivindicou abertamente esses atos terroristas em uma entrevista ao New York Times em 12 de julho de 1998. Como explica essa contradição entre a retórica governamental e a realidade dos fatos?
WSS: Se seguirmos a lógica de Bush, então somos um Estado terrorista. Não se trata apenas de Luis Posada Carriles. Há todo um grupo de notórios terroristas de origem cubana que se encontram em liberdade nos Estados Unidos.

Washington deveria prender Posada Carriles e julgá-lo por seus atos terroristas. Deveriam colocá-lo na prisão. É do interesse do povo norte-americano.

Wikicommons

George W. Bush implementou política para prender terroristas em todo o mundo, mas não prendeu denunciados por governo cubano


OM: Por que os Estados Unidos se negam a julgá-lo?
WSS: Nós não o julgamos por conta da influência da comunidade de exilados cubanos. Por outro lado, dado que foi agente da CIA, poderia fazer declarações comprometedoras para todo o aparato governamental. Convém recordar que muitos terroristas cubanos exilados começaram trabalhando na CIA realizando atentados em Cuba. Uma vez que a CIA fechou sua base em Miami e mudou de tática, personagens como Posada Carriles ou Orlando Bosch atuaram por conta própria.

As provas contra Posada são esmagadoras. Documentos do FBI e da CIA outrora secretos mostram que Posada e Bosch estiveram envolvidos no atentado de 1976, que custou a vida de 73 pessoas, assim como o assassinato de Orlando Letelier, ex-ministro chileno do governo de Salvador Allende, executado em pleno Washington também em 1976, com sua assistente Ronnie Moffitt, cidadã norte-americana. Também dispomos das gravações nas quais Posada Carriles reconhece ser o autor dos atentados de Havana de 1997, inclusive o do hotel Copacabana, que custou a vida do empresário italiano Fabio di Celmo.

Nossa justiça não sancionou nenhum desses atos terroristas, inclusive aquele cometido nos Estados Unidos contra uma cidadã norte-americana. Pelo contrário, toleramos isso. Orlando Bosch inclusive conseguiu o indulto presidencial do presidente George H. W. Bush.

Quando Posada Carriles foi julgado em El Paso, Texas, por um problema migratório – não por seus atos de terrorismo –, pois havia entrado em território nacional de modo ilegal, tudo isso apareceu no julgamento. A juíza Kathleen Cardone, que devia seu posto ao presidente Bush, decidiu absolvê-lo de todas as acusações.

OM: O caso dos cinco presos políticos cubanos detinos nos Estados Unidos desde 1998 por se infiltrarem em grupos violentos do exílio cubano envolvidos em atos terroristas contra Cuba constitui atualmente o principal obstáculo à normalização das relações entre ambas as nações. Qual é sua opinião sobre esse assunto?
WSS: Nos anos 90, após o desmoronamento da União Soviética e do fim da Guerra Fria, um setor do exílio cubano, querendo acabar com o governo de Havana, voltou a recorrer à violência terrorista. Cuba então dependia do turismo para sobreviver. Grupos extremistas fizeram explodir dezenas de bombas em hotéis em Cuba, ocasionando uma queda espetacular do fluxo turístico. Dezenas de pessoas ficaram feridas e, conforme dissemos, um italiano, Fabio di Celmo, morreu após a explosão de uma bomba no hotel Copacabana.

Diante da falta de reação do governo dos Estados Unidos, que permitia que esses indivíduos vivessem em completa liberdade, Cuba infiltrou seus próprios agentes nesses grupos. Após coletar informações suficientes sobre sua atuação, os agentes cubanos transmitiram a Havana um informe sobre cerca de cinquenta pessoas envolvidas em atentados terroristas contra Cuba.

OM: Essa informação foi transmitida às autoridades norte-americanas?
WSS: Melhor que isso. Em julho de 1998, o governo cubano convidou vários altos representantes do FBI em Havana e lhes transmitiu toda a informação que os agentes coletaram, que demonstravam que várias organizações do exílio cubano estavam planejando atividades terroristas e, em alguns casos, eram responsáveis por atentados.

Os cubanos pensaram que, ao proporcionar essas provas ao FBI, o governo dos Estados Unidos adotaria as medidas necessárias para neutralizar esses indivíduos.

OM: Como os Estados Unidos reagiram?
WSS: Em vez disso, o FBI realizou uma investigação para descobrir como Cuba havia conseguido essa informação e procedeu à prisão de cinco agentes de segurança do Estado infiltrados na Flórida. É verdadeiramente lamentável, já que lança uma sombra sobre a credibilidade de nossa política contra o terrorismo.

OM: Os cinco cubanos não violaram a lei norte-americana?
WSS: Só eram culpados de uma coisa: eram agentes de uma potência estrangeira não declarados diante das autoridades norte-americanas. Também eram culpados por delitos menores, como posso de documentos falsos. Em nenhum caso, estavam envolvidos em atividades ilegais.

No entanto, foram julgados e condenados a penas de prisão muito severas, quer dizer, no total, a quatro prisões perpétuas duplas de 77 anos, ainda que elas tenham se reduzido após a apresentação de recursos. Gerardo Hernández foi condenado a duas prisões perpétuas mais 15 anos; Ramón Labañino a 30 anos; Antonio Guerrero a 21 anos e 10 meses; Fernando Gonzáles a 17 anos e 9 meses; e René González a 15 anos. Tudo isso por tentar impedir a realização de atos terroristas contra seu país. Esse julgamento é uma vergonha terrível para a justiça dos Estados Unidos.

OM: Foram esgotados quase todos os recursos legais. O senhor pensa que a solução desse caso passará por um acordo político entre Havana e Washington?
WSS: Muitos de nós pensamos que o presidente Barack Obama autorizaria a Corte Suprema a estudar o caso. Se o processo tivesse seguido um curso normal, sem interferência política, a Corte Suprema teria o caso. Em vez disso, o presidente Obama pediu explicitamente que a Corte Suprema não revisasse o julgamento.

OM: Por que o presidente Obama tomou uma decisão como essa?
WSS: Parece que a direita cubano-americana intransigente, que rechaça qualquer ideia de normalização das relações com Havana, o pressionou. É curioso que seja dado a ela tanto crédito, quanto todas as sondagens apontam que sua influência na comunidade cubana da Flórida é cada vez menos evidente. Cerca de 70% da opinião pública dos Estados Unidos pensa que Washington deveria ter relações normais com Cuba. Por outro lado, ganhou as eleições na Flórida sem o apoio da direita cubano-americana.

Devemos soltar os cinco imediatamente, mas temo que ainda haja muito caminho a ser percorrido.

OM: Evoquemos o caso do cidadão norte-americano Alan Gross, preso na ilha desde 2009 e condenado a quinze anos de prisão por colaborar em um programa da Agência Internacional para o Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID), cujo objetivo é conseguir “uma mudança de regime em Cuba”. Ele proporcionou aos dissidentes equipamentos de telecomunicação. O que o governo cubano deve fazer, em sua opinião?
WSS: Gross é culpado de todos os atos pelos quais é acusado e violou a lei cubana. Mas creio que deveria ser liberado por razões humanitárias. Penso, inclusive, que os cubanos estariam dispostos a fazê-lo se tivessem a segurança de que faríamos o mesmo com os cinco.

OM: O que o senhor pensa sobre as sanções econômicas contra Cuba, em vigor desde 1960?
WSS: A Guerra Fria acabou em 1991. Deveríamos ter normalizado nossas relações desde então. O que fizemos? Exatmente o contrário. Adotamos a Lei Torricelli em 1992, a Lei Helms-Burton em 1996 e os dois planos de Bush em 2004 e 2006, que agravam as sanções contra Cuba. Temos feito exatamente o contrário do que havíamos afirmado quando impusemos as sanções. Ainda nos encontramos nesse ponto. Não tenho uma explicação lógica. Tenho a impressão de que Cuba tem o mesmo sobre os Estados Unidos do que a lua cheia tem sobre os lobos. Somos incapazes de atuar racionalmente em nossa política em relação a Cuba.

OM: Como o senhor analisa as reformas econômicas iniciadas por Raúl Castro?
WSS: Creio que seja o caminho correto. De todo modo, isso tinha que mudar um dia ou outro. Devo dizer que sou bastante otimista, pois Raúl Castro e seus homens oriundos do exército são bons homens de negócio e demonstraram isso nos setor turístico. Fizeram um excelente trabalho nesse campo.

OM: Que imagem os cidadãos norte-americanos têm de Cuba?
WSS: O povo norte-americano tem uma imagem falsa e tendenciosa de Cuba, mas, por outro lado, é favorável à normalização das relações. Todos os norte-americanos sonham em descobrir Cuba, que dispõe de uma população educada e de um excelente sistema de saúde. A título de comparação, olhe simplesmente o número de cidadãos norte-americanos que não tem acesso a um seguro de saúde.

viernes, 19 de julio de 2013

Traducción y periodismo en Martí: apuntes para sugerir un estudio



Por Dr. Pedro Pablo Rodríguez

1. La traducción como placer cultural y creador
La labor de Martí como traductor es de sobra conocida entre quienes se interesan por su persona. Entre sus traducciones publicadas se hallan la novela Called Back, del inglés Hugh Conway, que él tituló Misterio; las Nociones de Lógica, del también inglés Stanley Jevons; y Ramona, la novela de la estadounidense Helen Hunt Jackson. Las dos primeras fueron encargos de la casa Appleton, de Nueva York, asumidos por Martí para sufragar la manutención de su familia, al igual que las Antigüedades griegas, de J. P. Mahaffy, y las Antigüedades romanas, de A. S. Wilkins.
De estos cinco libros, quizás los dos últimos fueran asumidos como una tarea placentera, dado el permanente interés mostrado por Martí hacia la historia y las culturas antiguas. Sabemos que, sin embargo, la traducción de Ramona fue iniciativa propia con la cual pretendió iniciarse como editor de una “colección de libros útiles para Hispanoamérica”. En las varias referencias a esta obra en sus cartas a su amigo mexicano Manuel Mercado, puso de manifiesto tal entusiasmo por verterla al español, que puede afirmarse que esa traducción fue para él un verdadero goce espiritual.
Obviamente su juvenil traducción de Mes fils, de Victor Hugo, durante su estancia en México, puede colocarse también en el grupo de las tareas placenteras. Y es altamente probable que igual le sucediera con los textos que tradujo para su revista La Edad de Oro, dado que la publicación tenía para Martí fines mucho más educativos y culturales que comercialesi.
Si excluimos sus ejercicios escolares durante el aprendizaje del griego y del latín, los fragmentos que han llegado hasta nosotros de sus traslados al español de poemas de Poe, Emerson y Edwin Arnold podrían estimarse también en ese conjunto de las traducciones disfrutadas, como nos consta por sus propias entusiastas referencias que le sucedió con el poema Lalla Rookh, del irlandés Thomas Moore, labor lamentablemente perdida. Otros textos manuscritos de los cuales no ha aparecido publicación alguna son “Pintura japonesa”, parte del libro Les Chefs d’œuvre de l’Art, à l’Exposition Universelle, de Émile Bergerat, y “Atrocidades en Cuba”, traducción de un escrito de Lila Waring, viuda del patriota Emilio Lorenzo-Luaces Iraola, que denuncia los horrores de la represión española durante los primeros tiempos de la Guerra de los Diez Años.
El creciente interés por esas empresas traduccionales hace pensar en la conveniencia de que los estudiosos del asunto examinen cuidadosamente las traslaciones martianas a nuestra lengua para el difícil intento de explicarnos si el goce se hizo sentir en el resultado final, tanto en el aspecto literario como en el comunicacional.
2 Las traducciones en las “Escenas norteamericanas”
Muchos de quienes se han acercado a esos textos martianos de madurez estilística, de ideas y de personalidad han observado cómo, con cierta frecuencia, el Maestro incluye en ellos traducciones del inglés, bien de libros, bien de los numerosos periódicos de Estados Unidos que le servían de fuente informativa. Hay, además, algunos estudios que han comparado estas crónicas para los grandes periódicos de Hispanoamérica de la época con sus fuentes periodísticas, que demuestran cómo el cubano se basó en ellas,ii y hasta cómo volcó en su propio texto en más de una ocasión alguna que otra frase traducida del inglés.
El trabajo con los periódicos estadounidenses de su tiempo, además de abrirnos al texto en inglés tomado por Martí, permitiría además precisar con exactitud cuándo se introduce una traducción no declarada en esas crónicas. Por ello se hacen necesarios la búsqueda y el estudio, al menos, de las traducciones explícitas o francamente evidentes, lo que estoy seguro nos daría una cantidad notable de ellas. Y nos revelaría matices y recursos de la mayor originalidad que contribuirían seguramente a fijar ciertos rasgos del estilo martiano como traductor, quién sabe si con algunas particularidades dentro de su estilo literario general, el que aún espera también por un estudio abarcador y sistematizador.
  (ver texto completo)

EE.UU. controla Internet a través de redes de fibra óptica

El Gobierno de EE.UU. exigió a empresas operadoras de cables de fibra óptica que permitieran a sus funcionarios acceder a sus redes con el fin de llevar a cabo labores de vigilancia, según un artículo publicado en el diario 'The Washington Post'.

De acuerdo con el rotativo, las autoridades federales trataron mediante acuerdos de proteger las redes estadounidenses de telecomunicaciones del espionaje extranjero y otras acciones que pudieran perjudicar a la seguridad nacional.

La publicación afirma que según datos de la NSA filtrados por el excolaborador de la CIA Edward Snowden, el Gobierno de EE.UU. aprovechó cables de fibra óptica submarinos por donde circula alrededor del 99% de las comunicaciones de Internet del mundo y el tráfico internacional telefónico.

Siguiendo las instrucciones del Gobierno estadounidense, un equipo de abogados de varias agencias, incluyendo al FBI y los Departamentos de Defensa, Justicia y Seguridad Nacional  se encargaron de pedirle a las empresas de fibra óptica que mantuvieran grupos internos de empleados estadounidenses con autorización de seguridad que pudieran garantizar que las solicitudes de vigilancia por parte de las autoridades gubernamentales se llevaran a cabo "rápida y confidencialmente".

Una de las entidades mencionadas en el artículo es la asiática Global Crossing, que conecta a 27 países de cuatro continentes.

El acuerdo firmado por el Gobierno de EE.UU. y esta empresa en 2003 estipulaba que esta firma debía contar con un "centro de operaciones" en territorio estadounidense que pudiese ser visitado por funcionarios gubernamentales con un aviso de 30 minutos con el fin de supervisar y recoger datos.

El trato, firmado en septiembre de 2003 por Global Crossing, "se convirtió en el modelo para otros acuerdos en la última década a medida que inversionistas extranjeros adquirían partes de las infraestructuras mundiales de telecomunicaciones", indica el artículo.

"Mientras la gente de todo el mundo chatea, navega y envía imágenes a través de servicios en línea, gran parte de la información está al alcance de los servicios de vigilancia tecnológica de EE.UU.", asegura 'The Washington Post'.

Asimismo agregó que EE.UU. y sus aliados tienen la capacidad de vigilar pese a la existencia de leyes, normas de procedimiento y políticas internas que limitan el modo en que pueden recogerse y utilizarse los datos de miles de millones de usuarios de Internet por todo el mundo.

Fuente: Cubasi
http://www.cubasi.cu/cubasi-noticias-cuba-mundo-ultima-hora/item/19125-e...
 

Nuevas revelaciones sobre espionaje en EE.UU. involucran a Microsoft

 La campaña "Tu privacidad es nuestra prioridad" fue lanzada en abril. Hoy Microsoft es cuestionado por colaborar con el plan de espionaje del gobierno de EE.U.
 
Fue lanzada en abril. Sin embargo, tres meses después informes secretos sobre el programa de espionaje global de Estados Unidos, liderado por la Agencia de Seguridad Nacional (NSA, por sus siglas en inglés), muestran que en la práctica el comportamiento de la empresa de Bill Gates se habría alejado bastante de aquel eslogan.

Según un reporte difundido por el diario británico The Guardian, Microsoft ha colaborado estrechamente con los servicios de inteligencia de EE.UU., permitiéndoles interceptar las comunicaciones de los usuarios.

El gigante informático respondió a estas acusaciones insistiendo en que no le ha proporcionado a ningún gobierno acceso total o directo a sus servicios.

La supervigilancia la habría realizado el gobierno de Barack Obama a través de un programa ultrasecreto denominado PRISM, que salió a la luz tras revelaciones del exanalista de la NSA Edward Snowden publicadas en The Guardian y The Washington Post en junio.

Por medio de ese programa, según la nueva filtración, las autoridades de EE.UU. accedieron a las comunicaciones de usuarios de distintas compañías, incluyendo los sistemas de las empresas de internet más importantes, como Microsoft, Skype, Apple, Google, Facebook y Yahoo.

Las más recientes revelaciones difundidas por The Guardian y atribuidas una vez más por Snowden, dicen que Microsoft ayudó a la NSA a eludir sus propias barreras, incluyendo la encriptación de datos.

Según los documentos secretos, la NSA fue capaz de interceptar chats en el nuevo portal Outlook.com, además de acceder a los portales de correos electrónicos de la firma, incluido el popular Hotmail. También habría interceptado el servicio de nube SkyDrive y accedido a videoconferencias de Skype, de propiedad de Microsoft desde mayo de 2011.

Chat y correos intervenidos.

Según The Guardian, los informes muestran que la NSA comenzó a preocuparse por la interceptación de conversaciones cifradas en el portal de Outlook.com de Microsoft desde las primeras pruebas del servicio, en julio del año pasado.

En cinco meses, Microsoft y el FBI habrían logrado una solución para permitirle a la NSA eludir el cifrado en chats Outlook.com.

En un boletín con fecha 26 de diciembre de 2012, citado The Guardian, se lee: "MS [Microsoft], trabajando con el FBI, ha desarrollado una capacidad de vigilancia para enfrentar" las restricciones. "Estas soluciones fueron probadas con éxito y se pusieron en marcha 12 de diciembre 2012".

Dos meses después, en febrero de este año, Microsoft lanzó oficialmente el portal Outlook.com.

En términos de correo electrónico, no habría sido necesario desarrollar mecanismos de desencriptación, ya que PRISM tenía acceso previo al proceso de cifrado, según los documentos filtrados.

"La recolección de PRISM de Hotmail, Live y el correo electrónico de Outlook.com no se verá afectada, ya que PRISM recoge estos datos antes del cifrado", explicaba otra comunicación ultrasecreta citada por el diario británico.

Sin embargo, hubo otra faceta de los correos electrónicos en la que la NSA y Microsoft habrían necesitado ayuda adicional: "El equipo de la Unidad de Interceptación de Datos de Tecnología del FBI (DITU) está trabajando con Microsoft para comprender una característica adicional en Outlook.com que permite a los usuarios crear alias de correo electrónico, que pueden afectar nuestros procesos de asignación de tareas".

Esta colaboración no habría sido la única. Según The Guardian, este año la compañía de Bill Gates también trabajó con el FBI para permitirle a la NSA un acceso más fácil a través de PRISM a los datos almacenados en su servicio de nube SkyDrive, que ahora cuenta con más de 250 millones de usuarios en todo el mundo.

Según los documentos filtrados, la NSA comparte el material recogido a través de PRISM con otras agencias como el FBI y la CIA, en lo que se describen como un "deporte de equipo".

Skype en la mira

"Skype se compromete a respetar su privacidad y la confidencialidad de su información personal, información de tráfico y contenido de las comunicaciones", reza la política de privacidad desplegada en la página en español del servicio.

Sin embargo, boletines internos de la NSA calificados como ultrasecretos y que difunde The Guardian, sugieren que la cooperación entre los servicios de inteligencia y las empresas no sólo fue profunda, sino que también es permanente: la agencia ha dedicado importantes esfuerzos en los últimos dos años de trabajar con Microsoft para garantizar un mayor acceso a Skype, el servicio de voz y video con unos 663 millones de usuarios a nivel mundial.

Según los documentos, Skype se unió al programa PRISM en febrero de 2011, poco antes de ser comprada por Microsoft.

En julio del año pasado, nueve meses después de la compra, la NSA se habría jactado de haber triplicado su capacidad de recolectar video llamadas a través de PRISM.

"Las partes de audio de estas sesiones se han sido correctamente procesadas, pero sin el video que las acompaña. Ahora, los analistas tendrán la imagen completa", dice uno de los informes secretos citados por The Guardian.

La respuesta de Microsoft

A través de un comunicado publicado en su página web, Microsoft reiteró su postura.

"En primer lugar, nos tomamos en serio nuestros compromisos con nuestros clientes y con el cumplimiento de la legislación aplicable, por lo que ofrecemos los datos de clientes sólo en respuesta a procesos legales".

"En segundo lugar, nuestro Equipo de Cumplimiento examina detenidamente todas las demandas y rechazan aquellas que creemos que no son válidas".

"En tercer lugar, sólo hemos cumplido órdenes sobre cuentas o identificadores específicos, y no responden a la clase de las órdenes abiertas discutidas en la prensa en las últimas semanas".

"Para ser claros, Microsoft no le proporciona a ningún gobierno acceso total o directo a SkyDrive, Outlook.com, Skype o cualquier producto de Microsoft".

Fuente: BBC Mundo


Año: 

2 013
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19 de julio, Día del Historiador en Cuba

Acto Nacional por el Día del Historiador
Cada año, el 19 de julio, se celebra en Cuba el Día del Historiador Cubano. Entre tantas fechas se escogió esa por coincidir ese día de 1935 con la investidura de Emilio Roig de Leuchsenring (1889-1964), como Historiador de la Ciudad de La Habana.
La celebración este año tiene un significado especial, pues es la primera que tendrá lugar después del VII Congreso de la Unión Nacional de Historiadores de Cuba (UNHIC), desarrollado en el mes de abril de 2013, y ocurrirá a muy pocos días de la conmemoración del 60 Aniversario de los asaltos a los cuarteles Carlos Manuel de Céspedes y Moncada.
En el Congreso de la Unión el tema de la enseñanza de la historia ocupó un lugar relevante, y de su debate emanaron importantes lineamientos de trabajo; por esa razón, el Comité Ejecutivo Nacional de la Unhic acordó, en su reunión del 23 de junio de 2013, dedicar principalmente en esta ocasión el Día del Historiador a aquellos historiadores que se entregan a la noble tarea de enseñar la historia.
En todas las provincias del país tendrán lugar diversas actividades conmemorativas y serán reconocidos historiadores destacados de la enseñanza y otras esferas del trabajo de historia. El acto nacional (central) se desarrollará en el Aula Magna de la Universidad de La Habana y al mismo asistirán representantes de todas las instituciones y organizaciones relacionadas con el trabajo de historia residentes en la capital y en provincias cercanas.
El momento será propicio para homenajear a Roig, a otros clásicos historiadores cubanos, y a todos los que sirven a la Patria en busca de la verdad histórica. Particularmente serán entregados diplomas de reconocimiento "Fernando Portuondo", "Luis Montané", "Joaquín Llaverías" y "Máximo Gómez", a colegas que merecen ser estimulados por sobresalir en la enseñanza de la historia, la arqueología, la archivística, y la historia militar respectivamente.
La celebración contará con tres momentos especiales:
  • La firma del Convenio Unión Nacional de Historiadores de Cuba y el MINED, a cargo del Presidente de la Unión y la Ministra de Educación. 
  • El lanzamiento de la primera convocatoria al XXI Congreso Nacional de Historia, a realizarse en abril de 2014, en la ciudad de Camagüey.
  • Y la entrega de la Distinción por la Cultura Nacional a cuatro destacados historiadores cubanos: Horacio Díaz Pendás, Áurea Matilde Fernández Muñíz, Ana María Pérez Pino, y Magalis Martínez Riera. 
La ceremonia estará presidida por autoridades y personalidades del PCC, varios ministerios, e instituciones y organizaciones vinculadas al trabajo de la historia en el país.   

jueves, 18 de julio de 2013

Sobre el caso Snowden todos somos sospechosos

 

por Marcelo Colussi
mmcolussi@gmail.com
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 Algunos años atrás, luego de los atentados contra las torres del Centro Mundial de Comercio en Nueva York en el año 2001, el gobierno estadounidense lanzó el Acta Patriótica como inicio de lo que en ese momento la administración Bush llamó "guerra total contra el terrorismo". Así se pusieron en marcha: 1) las llamadas guerras preventivas, y 2) el control –por cierto anticonstitucional– de su propia población.

En nombre de la "defensa de la patria" se pisoteó la soberanía de todos los países del mundo, pasando por encima de la Organización de Naciones Unidas, comenzándose una serie de invasiones a países supuestamente "focos de terroristas" (en realidad: grandes reservas de petróleo, de gas, de agua dulce o de campos de amapola, con la que se elabora la heroína –de la que la DEA es el principal cartel traficante–). Y en lo interno, siempre con esa arrogante política de corte fascista, se conculcaron derechos históricos de la población estadounidense, haciendo de cada ciudadano un posible objeto de espionaje sujeto eternamente a control.

En esa lógica, convirtiendo a la humanidad completa en "sospechosa", se desarrolló la iniciativa TIA: Total Information Awareness, en inglés (traducida como "Conocimiento total de la información"), también conocida como Terrorism Information Awareness (Conocimiento de la información sobre el terrorismo). El programa formó parte de la Ley de Seguridad Nacional y, tras su creación en enero de 2003, fue gestionado por la Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA). Para ello, la DARPA inició la adjudicación de contratos para el diseño y desarrollo de los componentes del sistema TIA en agosto del 2002, por medio de muchas empresas contratistas (por ejemplo: Booz Allen Hamilton, donde luego trabajaría Edward Snowden, el controversial técnico que recientemente develó algunos secretos del ciberespionaje). Al hacerse público el proyecto, muchas organizaciones de derechos humanos y defensa del ciudadano alzaron la voz, protestando ante esa grosera intromisión del Estado en la privacidad de cada estadounidense. Ello trajo como consecuencia que el Congreso se viera forzado a detener el programa, dejándolo de financiar. Pero poco tiempo más tarde, hacia el 2006, diversas filtraciones a la prensa informaron que el software desarrollado se había desplazado a otras agencias de espionaje, en particular la Agencia de Seguridad Nacional (NSA). En otros términos, ahora no existe el proyecto TIA, pero sí sus elementos fundamentales, que son utilizados a diario por las agencias federales de control.

Unos años atrás, no muchos, todo esto parecía una loca idea de ciencia-ficción, propia de un drama orwelliano; hoy día ese panóptico universal es una realidad: sistemas de control absoluto de la población planetaria. Ese control, debe aclararse, tiene dos vías: por un lado, las empresas disponen de toda la información necesaria para afinar sus estrategias de mercadeo (¿qué le gusta a cada persona?, ¿qué necesita?, ¿cuáles son sus debilidades?, ¿qué compra habitualmente?, ¿qué ofrecerle?). Por otro lado, las agencias gubernamentales de espionaje pueden examinar todos los datos de la vida de cada ciudadano, estableciendo el grado de "peligrosidad" que representa para el sistema.

El engendro surgido con la administración Bush se concreta hoy día, con otro nombre pero con similares objetivos. El mismo complementa –y supera con creces– la Red Echelon (compleja trama de espionaje mantenida igualmente por los Estados Unidos y algunos de sus socios, consistente en un tejido de antenas, estaciones de escucha, radares y satélites, apoyados por submarinos y aviones espía, unidos todos a través de bases terrestres, y cuyo objetivo es controlar todo tipo de comunicaciones mundiales, entre las que se encuentran correos electrónicos, envíos de fax, comunicaciones por cable, por satélite, transmisiones radiales, conversaciones telefónicas).

El dispositivo en cuestión permite a la potencia hegemónica mantener un espionaje total, continuo y avasallador no sólo de las comunicaciones –parte medular de lo que desean controlar, y que de hecho ya está haciendo– sino también de las transacciones financieras, los registros de vuelo, las declaraciones de impuestos, la venta de paquetes accionarios, los movimientos de tarjetas de crédito, los archivos médicos de la población mundial. En definitiva: una forma de control absoluto de cada ser humano sobre la faz del planeta; control que se ejerce no sólo sobre sus comunicaciones sino –esto es lo aterradoramente novedoso que comenzó a desarrollarse con TIA– sobre sus características biométricas (el tramado del iris, las huellas dactilares, la voz, sus hábitos motores como la forma de caminar), todo lo cual permitirá un monumental banco de datos universales que posibilitará a los agentes de inteligencia buscar y hallar por satélite a una persona en cualquier lugar del mundo y con una velocidad pasmosa.

En otras palabras: estamos ante el fin de la vida privada de la humanidad, ante un dios omnipotente que –sin ningún lugar a dudas– lo sabrá todo. A partir de este super cerebro omniabarcativo, todos pasamos a ser un número más de una lista; nuestras vidas quedan en sus manos.

Rápidamente explicado, estos sistemas del que TIA fue el precursor –desarrollado en ese entonces por el Comando de Inteligencia Naval de los Estados Unidos– consisten en una combinación de tecnologías de punta del campo de la informática (entre las que se cuenta una monumental base de datos que permite almacenar información personal de los más de 7.000 millones de habitantes actuales del planeta, incluyendo vídeos, fotos y parámetros biométricos de cada ingresado al programa), con la capacidad de localización por satélite e identificación de seres humanos a distancia por medio de las características biométricas almacenadas. En otros términos: un espía global del que nadie, absolutamente nadie se puede escapar.

Apoyan y complementan la iniciativa un traductor universal, que puede convertir instantáneamente en texto una grabación de voz, capaz de intervenir conversaciones telefónicas en cualquier parte del mundo, así como un sistema para "interpretar" las relaciones entre distintos sucesos aislados o que, aparentemente no tienen conexión. Éste detecta patrones comunes en la actividad de diversas personas, grupos, empresas, movimientos financieros, viajes, compras; es decir: cualquier movimiento que se quiera investigar.

Sumados todos estos elementos, el complejo mecanismo de espionaje –en palabras de Steven Wallach, antiguo ejecutivo de la empresa Hewlett-Packard y que fuera consejero del presidente Bush cuando nació la idea algunos años atrás– "podrá asociar una foto de Malasia tomada por un satélite con una llamada realizada en Francfort y con un depósito bancario en Pakistán, para luego relacionar todos esos elementos con algo que pasará en Chicago". Y obviamente, permitiendo actuar en consecuencia.

Lo que acaba de revelar el técnico Edward Snowden (¿ataque de conciencia y remordimiento personal?, ¿jugada preparada con agenda oculta?, ¿distractor?) es parte de un largo proceso de control que el gobierno de Washington viene realizando. El proyecto TIA, amparado en el Acta Patriótica que aprobaron los republicanos luego de los atentados del 11 de septiembre, no prosperó tal como fue concebido en su momento; pero los mecanismos de control sí. No importa con qué nombre actúan; lo importante es que actúan. El ciberespionaje es un hecho.

PRISM: una herencia de TIA

Las explosivas declaraciones que hiciera recientemente Snowden permiten ver que los programas diseñados hace una década atrás en la administración Bush, hoy día son una realidad, no importando qué partido gobierne en la Casa Blanca. Según aseguró el ahora ex agente, el programa de la NSA no se limita a la recolección de datos sobre la inteligencia extranjera, sino que también actúa sobre todas las comunicaciones que transitan dentro de Estados Unidos. En ese sentido, el programa PRISM es la más brillante creación del espionaje de Washington. Todos, absolutamente todos estamos controlados, vigilados, espiados.

El centro de operaciones principal para la vigilancia digital está en el Estado de Utah, cerca de la pequeña ciudad de Bluffdale, en el condado de Salt Lake. Allí se alza un complejo de hormigón que, en apariencia, no tiene nada de especial. Pero está fuertemente custodiado. Una línea de alambre de púas lo aísla del exterior. Y ahí comienzan las interrogantes. En Google Earth no aparece ninguna obra en ese sitio, sólo un campo vacío marcado por huellas de neumáticos. Alguien, de todos modos, ha calificado el lugar con el sugestivo nombre de "Centro de Datos de Utah". ¿Qué hay ahí realmente?

En un artículo publicado por James Bradford en el Wired Magazine en marzo de 2012, se reveló que la obra, de 2.000 millones de dólares de costo, funcionará como mega-almacén de información digital de la Agencia de Seguridad Nacional. Bradford sostiene que el centro cuenta con la capacidad más grande concebida para almacenar datos de vigilancia electrónica de todas partes del mundo: la unidad de capacidad para guardar esa información se mide en cientos de exabytes (cada uno equivalente a más de mil millones de gigabytes). El centro de espionaje utilizará la energía eléctrica de la pequeña ciudad vecina para tener los servidores en marcha y millones de litros de agua para mantenerlos frescos. Alrededor del perímetro de la construcción una serie de sensores de detección de intrusos dará la seguridad necesaria para trabajar tranquilos, apoyados por guardias armados. La NSA no lo niega; por el contrario, llamándolo Centro de Datos de la Comunidad de Seguridad Cibernética Iniciativa Nacional Integral, afirma que ayudará a proteger las redes civiles de los ataques cibernéticos. Sin embargo, esto no es competencia de la Agencia de Seguridad Nacional. De hecho, en su investigación Bradford afirma que el centro se utilizará para albergar una increíble cantidad de datos interceptados, tomados dentro y fuera de los Estados Unidos. En ello, las llamadas redes sociales (Facebook, Twitter) son pieza especialmente importante.

Con las recientes revelaciones de Edward Snowden, el tamaño y la monumental capacidad del centro de datos de Utah toman sentido. Los documentos filtrados por el ex agente detallan, entre otras cosas, un programa integral denominado PRISM, que absorbe grandes cantidades de información personal de las empresas de telecomunicaciones y de internet como Google, Apple y Verizon, combinándolos en una base de datos única. Snowden afirmó, en una entrevista con el diario británico The Guardian, que la base de datos PRISM permite vigilar y espiar a quienquiera en cualquier parte del mundo. La privacidad personal desaparece así: todos somos sospechosos potenciales, todos estamos observados. El panóptico ya no es algo de ciencia ficción: está aquí, vigilándonos.

No hay dudas que la imaginación queda corta ante tamaña parafernalia; el poder de la tecnología es subyugante, pero al mismo tiempo ofende a la condición humana: tanta inteligencia puesta al servicio de la delación policial es simplemente una vergüenza en términos éticos. Lo más probable es que este modesto artículo también sea chequeado por estos fenomenales poderes. No sé qué grado de "peligrosidad" tendrá. Al menos, es mi deseo, ya que escribimos en contra de todo esto, que se nos considere con una buena nota. ¡Es lo menos que pedimos! De todos modos, esto lleva a preguntas de fondo: con tamaños poderes que nos controlan a diario, ¿cómo es posible plantearse cambios contra el sistema dominante? Pensemos, sólo como ejemplo, en la operación de exterminio del comandante Raúl Reyes, de las FARC, en marzo del 2008 en plena selva y por la noche: con precisión milimétrica se pueda matar a alguien desde el aire, no importando dónde se esconda. El poder que parecieran detentar quienes contralan el mundo se muestra infinito. ¿Lo será?

¿Qué hacer ante todo esto? Esconderse no, porque no es posible. Podría parecer absurdo querer enfrentarse a tanto poder. Indudablemente las condiciones en que quedamos los mortales de a pie ante esta nueva deidad no son muy alentadoras: el super poder todo lo ve, todo lo oye, todo lo sabe. Por tanto, siempre se nos adelantará. ¿Resignarse entonces?

La historia no ha terminado, aunque cada vez más se escriba con las directivas del ganador. El nuevo dios que se está pergeñando, en definitiva es un dios humano; y como tal, falible. Aunque lo sepa todo, también tiene puntos débiles: los hackers por ejemplo. Pero la conflictividad de base ahí está, aunque se la espíe, se la trate de maniatar, de condicionar, de eliminar. Es cierto que hoy no hay grandes esperanzas, porque se desbarataron con la caída del campo socialista. Pero si hay conflictos (¡y los hay, por cierto!), la reacción de los seres humanos siempre está ahí presente, lista para saltar, para movilizarse. ¡Eso es la esperanza! La idea que la utopía sigue siendo posible. Hoy día padecemos una gran parálisis en estos temas de rebelarse. Los actuales mecanismos de hiper control nos la refuerzan; pero en tal caso es oportuno recordar las palabras de la dirigente boliviana Domitila Barrios de Chungara: "Nuestro enemigo principal no es el imperialismo, ni la burguesía ni la burocracia. Nuestro enemigo principal es el miedo, y lo llevamos adentro".


Cerramos con la Carta que Edward Snowden escribiera relatando su actuar con relación al ciberespionaje:

Hola. Me llamo Ed Snowden. Hace poco más de un mes tenía familia, un hogar en el paraíso y vivía con gran comodidad. También tenía la capacidad de buscar, capturar y leer las comunicaciones de ustedes sin necesidad de orden judicial alguna. Las comunicaciones de cualquier persona, en cualquier momento. Es decir, el poder de cambiar el destino de las personas.
Es también una grave violación a la ley. La Cuarta y Quinta Enmiendas a la Constitución de mi país, el artículo 12 de la Declaración Universal de los Derechos Humanos y numerosos estatutos y tratados prohíben tales sistemas invasivos de vigilancia en masa. Aunque la Constitución de Estados Unidos marca como ilegales tales actos, mi gobierno afirma que veredictos judiciales secretos, que el mundo no tiene permitido ver, legalizan de alguna manera un acto ilícito. Esos fallos simplemente corrompen la noción más elemental de justicia: que los actos deben estar sujetos a escrutinio. Lo inmoral no puede volverse inmoral mediante el uso de una ley secreta.
Creo en el principio declarado en Nuremberg en 1945: Los individuos tienen deberes internacionales que trascienden las obligaciones nacionales de obediencia. Por lo tanto, los ciudadanos individuales tienen el deber de violar las leyes nacionales para prevenir que ocurran crímenes contra la paz y la humanidad.
Por consiguiente, hice lo que creí correcto y emprendí una campaña para corregir esos ilícitos. No busqué enriquecerme. No busqué vender secretos de Estados Unidos. No me asocié con ningún gobierno extranjero para garantizar mi seguridad. Lo que hice fue llevar lo que sabía al público, para que algo que nos afecta a todos pudiera ser discutido por todos a la luz del día, y pedí justicia al mundo.
Esa decisión moral de revelar al público un espionaje que nos afecta a todos ha sido costosa, pero fue lo correcto y no me arrepiento de ella.
Desde ese momento el gobierno y los servicios de inteligencia de Estados Unidos han intentado ponerme de ejemplo, de advertencia a otros que pudieran hablar como yo lo he hecho. Me han convertido en un apátrida y un perseguido a causa de mi acto de expresión política. El gobierno de Estados Unidos me ha colocado en una lista de personas que no pueden abordar un avión. Exigió al gobierno de Hong Kong que me repatriara dentro del marco de sus leyes, en violación directa al principio de no represión: la Ley de las Naciones. Ha amenazado con sanciones a los países que respalden mis derechos humanos y el sistema de asilo de Naciones Unidas. Incluso ha dado el paso sin precedente de ordenar a sus aliados militares detener en tierra el avión de un presidente latinoamericano, en su búsqueda de un refugiado político. Estas peligrosas escaladas representan una amenaza no sólo a la dignidad de América Latina, sino a los derechos fundamentales que comparten todas las personas, todas las naciones, de vivir libres de persecución, y de buscar y gozar de asilo.
Sin embargo, aun a la vista de esta agresión históricamente desproporcionada, naciones de todo el mundo han ofrecido apoyo y asilo. Estas naciones, entre ellas Rusia, Venezuela, Bolivia, Nicaragua y Ecuador, tienen mi gratitud y respeto por ser las primeras en oponerse a las violaciones a los derechos humanos perpetradas por los poderosos, más que por los carentes de poder. Al negarse a transigir en sus principios ante la intimidación, se han ganado el respeto del mundo. Es mi intención viajar a cada uno de esos países para expresar en persona mi gratitud a su pueblo y sus líderes.
Hoy anuncio mi aceptación formal de todas las ofertas de apoyo y asilo que me han extendido y todas las demás que se me hagan en el futuro. Con, por ejemplo, la garantía de asilo ofrecida por el presidente Maduro de Venezuela, mi estatus de asilado ya es formal, y ningún Estado tiene fundamento para limitar o interferir con mi derecho a disfrutar de ese asilo. Sin embargo, como hemos visto, algunos gobiernos de los estados de Europa occidental y Norteamérica han demostrado disposición a actuar fuera de la ley, y esa conducta persiste hoy. Esta amenaza ilegal me hace imposible viajar a América Latina y disfrutar del asilo que me ha sido concedido allá de conformidad con nuestros derechos compartidos.
Esta intención de estados poderosos de actuar en forma extralegal representa una amenaza para todos nosotros, y no se debe permitir que la lleven a cabo. En consecuencia, solicito la ayuda de ustedes para exigir garantías de salvoconducto a las naciones relevantes para asegurar mi traslado a América Latina, así como solicito asilo en Rusia hasta el tiempo en que esas naciones accedan a cumplir la ley y permitan mi traslado legal. Presentaré hoy mi solicitud a Rusia, y espero que la respuesta sea favorable.
Si tienen alguna pregunta, contestaré  lo que pueda.
Gracias.

Publicado originalmente por Reader Supported News (http://readersupportednews.org/opinion2/ 277-75/18387-it-was-the-right-thing-to-do)

Traducción: Jorge Anaya

Entrevista a Junior Garcia Aguilera